Nome do estudante: Anderson Seiler

PROBLEMA

Impactos gerados pelo desperdício de matérias-primas durante o processo produtivo em uma empresa de acessórios têxteis (tags, etiquetas, termocolantes, botons, etc), com sede no município de Blumenau, estado de Santa Catarina. Serão analisados apenas os desperdícios que ocorrem em um dos fluxos produtivos da empresa (entre o almoxarifado e a serigrafia).
Caracteriza-se como desperdício as áreas utilizadas de tecidos, couros e sintéticos, que excedem os 30% inclusos pela empresa no custo do PA (produto acabado).

SOLUÇÃO PROPOSTA

Para inserir as perdas dentro dos 30%, são necessárias analises minuciosas na origem do problema, identificá-los e mapeá-los, a fim de evitar futuros acontecimentos.
Sugere-se que todos os setores de pré-produção, como comercial, desenvolvimento, compras, PCP (Planejamento e Controle de Produção) e, os setores de produção estendam o foco para o problema, com a finalidade de desenvolver estratégias e evita-lo logo no início.
Investimentos como as adaptações na prensa térmica, conforme a figura 9, são necessárias e essenciais para a eliminação dos desperdícios nas etiquetas termocolantes, descritos no exemplo 1 (páginas de 5 a 8), contato com o fornecedor dos clichês visando as alterações necessárias para a manufatura de etiquetas com processos em relevo e que utilizam máquinas de solda por alta frequência, descritos no exemplo 2 com nova estratégia (página 13), desenvolver estratégias para aumentar a produtividade da guilhotina (equipamento de corte utilizado no almoxarifado), tendo em mente que a solução proposta para o desperdício de couro, descrito no exemplo 3 com nova estratégia (página 19), incidirá em aumento no tempo de produção.

É muito importante promover o uso correto de metodologias já existentes na empresa, como o kaizen e os 5s, assim como implementar novas técnicas e ferramentas, como Just in Time e o PDCA (Plan, Do, Check, Act), que auxiliam na melhor utilização de todos os recursos disponíveis da empresa.
Recomenda-se a realização de um brainstorming estruturado, para coletar as mais diferentes ideias, pois os colaboradores que executam as tarefas que dão forma ao PA, podem contribuir e muito para melhores técnicas de como executá-las.

EMBASAMENTO TEÓRICO PARA A RESPOSTA.

A empresa

A empresa está localizada no município de Blumenau estado de Santa Catarina e tem como atividades-fim produtos de acessórios têxteis (tags, etiquetas, filigranas, termocolantes, botons, etc). Atua nesse ramo e no mercado nacional há mais de duas décadas, possui clientes das mais diversas regiões do Brasil.
Sob nova direção desde 2010, a empresa conseguiu alguns progressos plausíveis, como: aumento da cartela de clientes, melhor exposição da marca em feiras de grandes expressões, representações em diversos estados brasileiros, melhorias no sistema produtivo, redução do quadro de funcionários e aumento do faturamento, entre outros. Os dois sócios assumiram a direção da empresa com uma situação crítica, economicamente estagnada e mal quista no mercado, um desafio de risco que até o momento vem dando certo.
Apesar de muitos avanços a empresa esbarra em alguns problemas comuns que a impedem de um crescimento maior e um alicerce mais firme para enfrentar crises futuras, tanto na economia brasileira, como na economia mundial.
Os problemas persistentes na empresa são mais visíveis no sistema produtivo, com desperdício de matérias-primas, tema que será tratado durante o trabalho. Para entender melhor sobre o problema é preciso entender um pouco como funciona o sistema da empresa no dia-a-dia.

Amostras

A empresa a cada estação se antecipa com pesquisas em novas tendências, desenvolvendo cartelas com os mais diversos tipos de produtos criados e manufaturados na empresa. Essas cartelas são expostas em feiras e distribuídas para representantes credenciados em váriosestados brasileiros.

Os clientes recebem as visitas dos representantes e com base nessas cartelas fazem solicitações de amostras, onde serão inseridas as suas marcas no produto. Essas solicitações são recebidas pelo setor de desenvolvimento da empresa, para elaboração das fichas técnicas e posteriormente encaminhadas para serem manufaturados. Depois de manufaturados essas amostras retornam ao cliente e para aprovação e solicitações de pedidos.

Entrada de pedidos

A empresa utiliza sistema de demanda puxada, não havendo estoques de produtos acabados, apenas alguns saldos que excedem a produção e são armazenados para um próximo pedido. Após a aprovação do cliente o setor comercial da empresa recebe uma solicitação de pedido com base nas referências (conjunto de 4 a 7 números que identificam uma ficha técnica), e as opções (que são representadas por 1 letra do alfabeto e indicam as variáveis aprovadas pelos clientes), conforme mostra a figura abaixo:

Essas fichas técnicas são organizadas em ordens de produção e depois de identificados as posições de estoque dos insumos a serem utilizados, são direcionadas ao setor de PCP.

A produção

A produção da empresa é dividida em 4 setores: bordado, serigrafia, laser e acabamento. Havendo assim diversos fluxos de produção, todos esses fluxos têm saída do almoxarifado, onde são realizadas funções como, separação e preparação das matérias-primas. O fluxo que será citado durante todo o trabalho é: almoxarifado até a serigrafia, nesse fluxo assim como nos outros há um problema recorrente, que é o desperdício de matérias-primas, foco dessa pesquisa.
Utilizando dados reais coletados no mês de dezembro de 2013 e nos 5 primeiros meses de 2014, juntamente com um brainstorming não estruturado realizado na empresa, será relatado na sequência algumas das principais causas do desperdício, quais os impactos que eles geram no faturamento da empresa e, algumas estratégias para minimizar e excluir essas perdas do sistema produtivo.

Desperdício de matérias-primas

Para Nakagawa (2000, p. 25), “o princípio da eliminação de desperdícios implica reconhecer que o desperdício é algo que não adiciona qualquer valor ao produto, sob a ótica do consumidor”. Seguindo a mesma linha de raciocínio Ohno (1997, p.71), diz que “desperdícios se refere a todos os elementos de produção que só aumentam os custos sem agregar valor”.
A empresa citada na pesquisa considera desperdício, o consumo de matéria-prima (tecidos, sintéticos, couros, etc), que excedem os 30% embutidos pela empresa no custo do PA.
A base de cálculo é a área utilizada (metragem quadrada utilizado para manufatura do PA); área aproveitada (metragem quadrada das peças faturadas), área cobrada (padrão utilizado pela empresa que é área aproveitada + 30%). Conforme mostra a figura 2, abaixo:

As fórmulas utilizadas para identificar os desperdícios são:

AC= área cobrada;
AA= área aproveitada;
AU= área utilizada;
D= desperdício;
CD= custo do desperdício;
LE= lucro extra;
S= saldo (aproveitamento extra), sempre quando o resultado do desperdício (D) for negativo. O valor do saldo (S) é sempre o mesmo do (D), com sinal trocado, de negativo para positivo.

Vm²= valor acumulado do metro quadrado.

Lembrando que 1,30, utilizado para calcular a área cobrada (AC), equivale + 30%.

Exemplo-1 Desperdício no método atual

Com base na referência em destaque da figura 2, será ilustrado um dos principais motivos de desperdício de materiais nesse fluxo de produção. Essa referência representa uma etiqueta termocolante e será relatada passo a passo todo o procedimento atualmente utilizado e posteriormente com aplicação de nova estratégia para redução do desperdício.
As ordens de produção (OP), chegam ao almoxarifado separadas por clientes e com uma ou mais referências e opções solicitadas pelos mesmos. Cada referência vem acompanhada por duas medidas que representam o tamanho da placa (tamanho que o material deve ser cortado pelo almoxarifado) e uma montagem (que representa a quantidade de peças que cabem dentro de uma placa).
Observação: As imagens ilustradas nas figuras seguintes, foram feitas em um programa específico e as margens de aproveitamento e perdas são reais, proporcional ao tamanho.

Na imagem acima é possível ver que as placas dessa referência devem ser cortadas no tamanho 0,172m x 0,132m e abrange uma montagem de 4 peças de 0,08m x 0,06m, ou seja, uma área utilizada de: 0,172*0,132=0,0023m² e, uma área aproveitada de: 0,08*0,06*4=0,192m². Nesse sistema a perda da placa é de 19,80%. Com base nessa figura podemos dizer que a OP solicita a referência da seguinte forma:

Antes das placas serem cortadas no tamanho acima elas precisam receber uma película termocolante e para isso é feito uma segunda montagem, conhecida internamente como chapas (conjunto de placas com finalidade única de aplicação de termocolante), como pode ser visualizado na figura 5.

As chapas são cortadas no tamanho 0,364m x 0,416m, e abrange uma montagem com 6 placas de 0,132m x 0,172m e 24 peças de 0,08m x 0,06m, ou seja, uma área utilizada de: 0,364*0,416=0,151m² e, uma área aproveitada de: 0,08*0,06*24=0,115m². Nesse sistema a perda acumulada na chapa é de 31,67% e, já excedem os 30% cobrados pela empresa.
Na maioria dos casos os materiais a serem utilizados, são em formas de bobinas e, cada material têm suas características, como: metragem linear, largura, peso, resistência, facilidades e dificuldades de manuseio, entre outros. Para o cálculo de aproveitamento de material é utilizado algumas dessas características, como: largura do material, resistência e facilidades e dificuldades de manuseio. Analisando esses dados o material é retirado das bobinas em tiras, denominados internamente de mantas (tiras retiradas do rolo para facilitar o processo de corte), essas mantas devem ter no máximo 80cm (largura da guilhotina).
Analisando a figura 6, com base no nosso exemplo, fica mais fácil entender como funcionam as mantas.

Seguindo o exemplo ilustrado na figura 6, podemos perceber que a largura do material é de 1,45m, sendo assim a manta é de 1,45m x 0,74m e abrange uma montagem com 6 chapas de 0,416m x 0,364m e 2 chapas de 0,364m x 0,152m; 40 placas de 0,172m x 0,132m; 160 peças de 0,08m x 0,06m. Utilizando os dados solicitados pela OP, ilustrados na figura 4, dizemos que são necessárias: 2736 / 160 = 17,10 mantas; uma área utilizada de: 1,45*0,74*17,10=18,348m² e, uma área aproveitada de: 0,08*0,06*2736=13,133m².

Levando em consideração que a referência 218587C é composta por 2 materiais e valor acumulado é de R$23,62 o metro quadrado, podemos afirmar que o custo do desperdício é de:

Para cada 2736 peças dessa referência a empresa têm um prejuízo de R$30,12.
Para o método atual é utilizado o seguinte fluxo de produção:

Exemplo-1 com nova estratégia

Como mencionado no exemplo acima, para melhor aproveitamento das matérias-primas devem ser levadas em consideração algumas de suas características. Como por exemplo: se a bobina de material mede 1,45m de largura, devemos pensar que uma das medidas da placa deve ser divisível da largura, obtendo apenas uma margem mínima de perda.
Com a nova estratégia elimina-se as chapas, a aplicação da película termocolante será diretamente na manta. Obtendo-se assim uma menor margem de desperdício, como mostra a figura 7.

Analisando a figura acima é possível notar que a manta será cortada no tamanho 1,45m x 0,54m, abrangerá 33 placas de 0,172m x 0,132m e 132 peças de 0,08m x 0,06m. Utilizando os dados solicitados pela OP, ilustrados na figura 4, dizemos que serão necessárias: 2736 / 132= 20,73 mantas; uma área utilizada de: 1,45*0,54*20,73=16,232m² e, uma área aproveitada de: 0,08*0,06*2736=13,133m².

Utilizando a nova estratégia a empresa obterá um aproveitamento extra de 0,841m², considerando que o valor acumulado é de R$23,62 o metro quadrado, é possível afirmar que a empresa obterá um lucro extra de:

Para aplicação da película termocolante na manta inteira será necessário fazer algumas adaptações de baixo investimento na prensa térmica atual, como:

  • Ampliação da base inferior de 1,10m para cada uma das extremidades;
  • Trilho para deslizamento lateral da base inferior:
  • Elevações na mesa para apoio da base inferior.

Nas figuras 8 e 9, é possível entender como é uma prensa atual e como ficará com as adaptações necessárias.

Com as adaptações necessárias, além de redução do desperdício da matéria-prima, a empresa obterá também uma redução considerável no tempo de produção dessa referência e de muitas outras, tendo em vista que esse procedimento é muito comum no cotidiano da empresa. Essa redução no tempo de produção pode ser vista no novo fluxograma 2.

Com o desperdício abaixo dos 30% cobrados no custo do PA, aumenta o poder de negociação da empresa no momento da solicitação do pedido pelo cliente, pois essa diferença é critério para desconto no valor final.

Exemplo-2 Desperdício no método atual

O exemplo 2 é ainda mais comum, pois a demanda produtiva é maior dentro da empresa. Para relatar essa situação, serão utilizados dados da referência 253383A. Nessa referência é composta por três materiais específicos, cujo valor acumulado do metro quadrado é de R$32,00 e tem como uma das suas características a dificuldade de precisão no esquadrejamento do corte feito pela guilhotina, devido a essa circunstância é inserido uma margem de 1mm em cada uma das extremidades, para facilitar os processos posteriores que necessitam deste quesito.
A OP solicita a referência 253383A no sistema atual da seguinte forma:

É preciso esclarecer que o tamanho mínimo de corte da guilhotina, sem adaptações é de 7cm, e como foi mencionado acima, devido as dificuldades de precisão no esquadrejamento do corte, não é recomendado adaptações no equipamento. Levando em consideração essa situação e a necessidade de acrescentar 1mm para cada extremidade, o tamanho final da placa fica em 8cm x 7cm montagem com 10 peças, conforme a figura 11.

Nessa imagem é possível ver que as placas dessa referência devem ser cortadas no tamanho 0,08m x 0,07m e abrange uma montagem com 10 peças de 0,035m x 0,01m, ou seja uma área utilizada de: 0,08*0,07=0,0056m² e, uma área aproveitada de: 0,035*0,01*10=0,0035m². Nesse sistema a perda da placa é de 60%.

Observação: A distância atual entre as peças é de 2mm.

Para cortar em placas é preciso cortar inicialmente em mantas, para isso é necessário um novo cálculo. Levando em consideração que a largura do material é de 1,40m e as dimensões das placas atuais são de 0,08m x 0,07m no processo atual, as mantas são retiradas com as seguintes medidas: 0,64m x 1,40m, conforme a figura 12.

Essa manta abrange 153 placas de 0,08m x 0,07m e, 1530 peças de 0,035m x 0,01m. Utilizando os dados solicitados pela OP, ilustrados na figura 9, são necessárias: 50000 / 1530 = 32,63 mantas; uma área utilizada de: 1,40*0,64*32,63=29,236m² e uma área aproveitada de: 0,035*0,01*50000=17,50m².

Levando em consideração que a referência 253383A é composta por 3 materiais e valor acumulado é de R$32,00 o metro quadrado, podemos afirmar que o custo do desperdício é de:

Exemplo-2 com nova estratégia

Para adequar a referência 253383A, dentro dos 30% são necessárias algumas adaptações nos processos produtivos do PA, são elas:

  • Reduzir o espaço entre as peças (dentro de uma placa), de 2mm para 1mm;
  • Retirar o acréscimo de 1mm em cada uma das extremidades das placas, que são atualmente necessários para melhor precisão no esquadrejamento da peça (para isso é necessário reduzir o número mantas cortadas na guilhotina em uma única vez);
  • Maior atenção no processo devido as alterações feitas no clichê (ferramenta utilizada para aplicação de relevo nas peças).

A figura acima mostra que as dimensões da placa são de 0,077m x 0,115m e, abrangem 20 peças de 0,01m x 0,035m, ou seja, uma área utilizada de: 0,077m*0,115m=0,008855m² e, uma área aproveitada de: 0,01*0,035*20=0,007. Com esses dados podemos afirmar que perda na placa é de 26,5%.
Observando a estrutura da figura 13, é possível deduzir que quanto menor for o tamanho da peça, maior deve ser a montagem dela dentro de uma placa, pois os desperdícios mesmo que pequeno, se tornam mais significativos.
Analisando essas informações é possível deduzir que a OP solicitaria a referência 253383A, da seguinte forma:

Para cortar em placas é preciso inicialmente cortar em mantas, sendo necessário um novo cálculo. Levando em consideração que a largura do material é de 1,40m e as dimensões das placas na nova estratégia são de 0,115m x 0,077m, as mantas obterão as seguintes medidas: 0,70m x 1,40m, conforme a figura 15.

Essa manta abrangerá 108 placas de 0,115m x 0,077m e, 2160 peças de 0,035m x 0,01m. Utilizando os dados solicitados pela OP (figura 13), serão necessárias: 50000 / 2160 = 23,15 mantas; uma área utilizada de: 1,40*0,70*23,15=22,687m² e, uma área aproveitada de: 0,035*0,01*50000=17,50m².

Levando em consideração que a referência 253383A é composta por 3 materiais e valor acumulado é de $32,00 o metro quadrado, é possível afirmar que a empresa obterá um lucro extra de:

Exemplo-3 desperdício no método atual

Esse processo não é o mais comum, mais os impactos causados no faturamento são grandes, devido ao alto valor agregado da matéria-prima.
Para ilustrar melhor o desperdício será usado a referência 217643G, uma etiqueta feita com couro e a aplicação da marca do cliente é feita com estampa e baixo relevo. O processo de estampa por sua vez não possui dificuldades para novas adequações, o problema maior gira em torno do baixo relevo.
No método atual a OP solicita a referência 217643G, da seguinte forma:

O couro chega ao almoxarifado em peles já beneficiadas, conforme mostra a figura 17, sua aparência uniforme dificulta o aproveitamento já no corte inicial, devido a suas extremidades na maioria das vezes não comportarem o tamanho de uma placa.
A área do couro é definida por um equipamento scaneador, utilizado pelo fornecedor e anexada no verso.

Para o processo de baixo e alto relevo são utilizados clichês (lâmina feita com material resistente para dar forma ao relevo), conforme mostra a figura 19. Esses clichês são ferramentas de custo elevado e o uso de maneira inadequada pode danificá-lo com muita facilidade. Para a aplicação do relevo na peça, atualmente são utilizadas máquinas de solda por alta frequência, conforme a figura 18. Devido as características de funcionamento dessas máquinas é necessário que as placas sejam cortadas em tamanhos maiores que a base dos clichês, pois o contato da base dos mesmos com a superfície da máquina irá danificá-los.

Neste exemplo aplicado, ilustrado na figura 16, para uma quantidade de 2000 peças são necessárias 1000 placas. Atualmente as placas são cortadas no tamanho 0,118m x 0,096m, conforme a figura 20, ou seja: 0,118m*0,096m*1000=11,328m² e, para perda de matéria-prima no processo de baixo e alto relevo são acrescentados 50% (base adquirida através das médias de consumos anteriores), sendo assim a área utilizada é de: 11,328m²+50%=16,992m² e, uma área aproveitada de: 0,08m*0,05m*2000=8m².

Levando em consideração que o couro é a única matéria-prima nessa referência e o seu custo é de R$59,30 o metro quadrado, podemos afirmar que o custo do desperdício é:

Para cada 2000 peças dessa referência a empresa têm um prejuízo de R$390,91.

Exemplo-3 com nova estratégia

Com base em levantamentos já realizados na empresa, o único método para inserir as perdas de couros dentro dos 30% inclusos no custo do PA é, realizar o corte final da peça diretamente na guilhotina, ou seja, nesse método não existirá placas.

Não existem cálculos exatos para aproveitamento de couro, sabe-se apenas que os valores variam de acordo com a qualidade da pele, o grau de exigência do cliente (espessura, aparência e tonalidade) e, o tamanho da peça a ser cortada. Levantamentos feitos em 5 anos, mostram que as variações de desperdício na nova estratégia variam até 2%, e o lucro extra até 4%, dependendo principalmente do tamanho da peça (quanto menor a peça, maior a probabilidade de lucro extra e, quanto maior a peça, maior é a probabilidade de desperdício).
Nas figuras 22 e 23 é possível perceber as perdas no método atual e na nova estratégia.

O processo de baixo e alto relevo na nova estratégia não poderá ser feita na máquina de solda por alta frequência, pois o clichê e as peças serão do mesmo tamanho. Para esse processo será utilizado um equipamento recém adquirido pela empresa. Esse equipamento utiliza os mesmos clichês, porém faz uso apenas de pressão, para moldar o relevo nas peças.
O investimento para obtenção desse equipamento foi de R$16000,00. Levando em consideração o custo do desperdício atual de 2000 peças dessa referência é de $390,91 (calculado na página 18) e que na nova estratégia ele será abolido, é possível concluir através de uma regra de três simples, que:

O investimento para obtenção desse equipamento foi de R$16000,00. Levando em consideração o custo do desperdício atual de 2000 peças dessa referência é de R$390,91 (calculado na página 18) e que na nova estratégia ele será abolido, é possível concluir através de uma regra de três simples, que:

Levando em consideração apenas essa referência, o equipamento se pagaria com a produção de aproximadamente 81860 peças.
Levantamento de dados
Todo o estudo foi possível devido aos dados coletados em dezembro de 2013, esses dados correspondem a todas as referências manufaturadas nesse mesmo período que excederão os 30%, incluso pela empresa no custo do PA, conforme a tabela 1.

Tabela 1: Dados coletados em dezembro 2013.

Fonte: o autor 2014

Com base nos dados da tabela 1, foi possível calcular área unitária e área total do desperdício e, também o custo unitário e custo total do desperdício das referências, como pode ser visto na tabela 2.

Tabela 2: Cálculo do custo unitário e total do desperdício.

Fonte: o autor 2014

Para os cálculos da tabela 2 foram utilizadas as seguintes fórmulas:

Com a utilização dessas fórmulas é possível perceber que a área total desperdiçada foi de 101,07m² e, o custo total do desperdício foi $3176,33.


Correlação

Correlação significa relação mútua entre dois termos, conhecida matematicamente como medida padronizada entre duas variáveis, como por exemplo a área do desperdício e custo do desperdício. O uso da correlação entre dois dados podem definir previsões futuras entre eles, isso a torna muito importante para tomadas de decisões nas empresas. O primeiro passo é dividi-las em colunas, denominadas de Xi e Yi, sendo a coluna Xi para as variáveis que são independentes e o Yi para as variáveis dependentes, nesse caso o Yi será o custo do desperdício, pois depende de qual será a área do desperdício para saber qual será o custo dela. A correlação é calculada através do coeficiente de correlação de Pearson, no Excel utiliza-se a fórmula: =CORREL(matriz 1; matriz 2).
Os resultados da correlação podem ser negativos ou positivos, depende da maneira como as variáveis se relacionam.

Exemplo 1: quanto maior a área do desperdício, maior é o custo do desperdício, então a correlação é positiva.

Exemplo 2: quanto maior o número de veículos transitando em uma rodovia, menor será a velocidade média dos mesmos, então a correlação é negativa.

A correlação sempre é mais forte quando o resultado for mais próximo de 1 (como no caso do exemplo 1), ou -1 (como no caso do exemplo 2). Porém, as previsões são confiáveis quando os valores são superiores a 0,80 (como no caso do exemplo 1), ou -0,80 (como no caso do exemplo 2).
Utilizando os dados da tabela 2 juntamente com a fórmula mencionada acima, a correlação entre a área do desperdício e o custo do desperdício é de: 0,8080, isso significa que as previsões têm 80,8% de acerto.

Inserindo os mesmos dados em um gráfico de dispersão é possível ver como eles são dispersos uns aos outros, tornado- se assim quase que impossível prevê-los, conforme mostra o gráfico 1.

Cálculo de ajuste de reta (Yi)

Os dados para serem previsíveis, além da correlação ser acima de 80%, é necessário um ajuste na reta de tendência. Para isso, é preciso calcular o coeficiente angular (representado pela letra “a”), que mostra qual deve ser o ângulo de inclinação da reta e, o coeficiente linear (representado pela letra “b”), que mostra aonde deve ser o ponto de origem da reta. Ambos sendo facilmente calculados no Excel, o coeficiente angular pela fórmula, =INCLINAÇÃO(val_conhecidos_Y; val_conhecidos_X) e, o coeficiente linear pela fórmula, =INTERCEPÇÃO(val_conhecidos_Y; val_conhecidos_X).
Com base nos dados da tabela 2, coeficiente angular entre o custo do desperdício (eixo Y) e a área do desperdício (eixo X) é: 31,6055 e, o coeficiente linear das mesmas é: -0,3284.
Para inserir os dados dispersos junto a reta de tendência e torna-los previsíveis, é utilizado a fórmula de ajuste de reta que é: Yi(atual)=a*Xi+b, lembrando que os resultados das previsões são valores aproximados.

Yi(atual)= dados ajustados

a= coeficiente angular

Xi= dados referentes a área do desperdício

b= coeficiente linear

Na tabela 3, é possível ver os dados coletados em dezembro de 2013, já ajustados.

Tabela 3: Dados ajustados Yi(atual).

Fonte: o autor 2014

A variação (V) mostrada na tabela 3, mostra em porcentagem qual foi a variação do ponto para se ajustar a reta e é calculada pela fórmula: V= (Yi (atual) / Yi-1) *100, sendo assim a variação acumulada entre todos os dados é de 2095,5%.

Inserindo os dados do custo do desperdício ajustado (Yi atual) e a área desperdiçada (Xi) no gráfico 2 abaixo, é possível perceber o alinhamento dos dados com a reta de tendência.

O desperdício de materiais nos cinco primeiros meses de 2014 foi de 652,73m², como mostra a figura abaixo:

Utilizando a fórmula de ajuste de reta é possível prever com 80,8% de acerto que o custo do desperdício nesse período foi de R$20629,53.

A figura 26 mostra a divisão das referências com base em dados do mesmo período, as referências são separadas em 4 em fases diferentes, são elas:

  • Acima dos 30%, são as referências que contém desperdícios de matéria-prima e podem ser ajustados com estratégias relacionadas durante o trabalho. Correspondem a 44% de todas as referências manufaturadas no período.
  • Acima (s/ajuste), são as referências que contém desperdícios de matéria-prima e não podem ser ajustados momentaneamente. Correspondem a apenas 2% de todas as referências manufaturadas no período.
  • Não contabilizados, são as referências cujo a área utilizada é menor que 1m² e seus dados não foram desmembrados. Correspondem a 27% de todas as referências manufaturadas no período.
  • Igual ou menor que 30%, são as referências que se adequam aos padrões de custos da empresa ou, até algumas vezes proporcionam lucros extras. Correspondem a 27% de todas as referências manufaturadas no período.

CONCLUSÃO

Com o mundo globalizado e o mercado cada vez mais competitivo, aumentam as necessidades de aprimoramento nas empresas sobre assuntos como as reduções de custos. As exigências dos novos clientes obrigam que as organizações se adequam ao novo mundo, centralizando esforços para reduzir os desperdícios e, tornar os seus produtos mais acessíveis no mercado, aumentando ainda mais o seu Market share.

Com a conclusão da pesquisa foi possível perceber quais são os impactos que o uso desordenado dos materiais gera dentro das empresas e, o quanto é importante uma gestão voltada ao uso correto da matéria-prima.
A adoção de metodologias, como: kaizen, Just in Time, brainstorming, 5s, entre outras, juntamente com investimentos em inovações tanto tecnológicas, como em processos produtivos, são fundamentais na visão atual de mercado para a não obsolescência das organizações. Para Nakagawa (2000, p.55), “o objetivo da gestão de investimentos é identificar o conjunto ótimo de recursos e atividades que permitirão à empresa a realização de suas metas e objetivos com o mínimo de desperdícios”.
Os desperdícios são vilões presentes em todos os processos e na maioria das vezes se escondem atrás de paradigmas e crenças herdadas, tanto pelos gestores, como pelos colaboradores. Ohno (1997, p.34), “acredita fortemente que a necessidade é a mãe da invenção”, ele diz ainda que as melhorias feitas nas fábricas da Toyota, são feitas pela necessidade.
O brainstorming é uma técnica que pode facilitar e muito a vida dos administradores, pois ninguém mais qualificado do que as pessoas que fazem os produtos acontecerem, para mostrar caminhos melhores para tal acontecimento. Considerando essa situação esse trabalho teve conclusões em cima das ideias aprofundadas junto aos colaboradores, através de um brainstorming não estruturado.

REFERÊNCIAS

MOGK. Prensa térmica manual para transfers – PTM-42. Disponível em: . Acesso em 26 abr. 2014
OLX. Tapete de couro de boi natural. Disponível em: . Acesso em 26 abr. 2014
Cesar. Clicheria. Disponível em: . Acesso em 26 abr. 2014
Politron. Politron “S” 12 KW – TV – ER. Disponível em . Acesso em 24 mai. 2014

http://www.dicionarioinformal.com.br/correla%C3%A7%C3%A3o/, acessado em 24 mai. 2014
http://www.ogerente.com.br/novo/colunas_ler.php?canal=13&canallocal=45&canalsub2=183&id=1854, acessado em 25 mai. 2014
http://www.design.org.br/artigos_cientificos/perdas_no_processo_produtivo.pdf, acessado em 26 mai. 2014
NAKAGAWA, Masayuki. Gestão Estratégia de Custos: conceitos sistemas e implementações. São Paulo: Atlas, 2000.
OHNO, Taiichi. O Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga escala. Porto Alegre: Bookman, 1997.
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